A língua portuguesa continua a ser desleixada e descuidada por parte da administração educativa galega. No recente anúncio de provisão de vagas para o ensino secundário galego feito público pela conselharia de educação, volta estar mais uma vez ausente a língua portuguesa. Parece que, embora a existência da ILP_Valentim Paz Andrade, não obstante os números que indicam um aumento do alunado e apesar da constante reivindicação e alerta do direito a ser a língua portuguesa considerada e tratada como as restantes línguas contempladas no sistema de ensino público obrigatório galego, mais um ano o governo quis continuar a contribuir com a precarização e instabilidade desta matéria, e as pessoas formadas e especialistas nela, não legislando nem criando vagas de língua portuguesa no ensino secundário. A DPG vem de fazer público, um comunicado onde denunciava esta situação e reclamava a convocação de um concurso público específico para a língua portuguesa. Mas, o governo mais uma vez não nos quis dar ouvidos.
Neste passado mês de novembro o habitual “CIG- Informa_ensino” esteve dedicado na íntegra a explicar e promover a introdução da língua portuguesa no ensino público galego. As condições em que esta língua se encontra e é tratada no ensino público galego apresentam-se-nos como de inferioridade e diferencial, quando menos, em detrimento de outras matérias que sim obtêm um tratamento como especialidades próprias e, portanto, com vagas específicas, concursos específicos, profissionais qualificados, etc.
Desde a DPG queremos aplaudir e agradecer esta iniciativa da organização sindical e esperamos que num futuro próximo não careçamos deste tipo de ações e a língua portuguesa ocupe o lugar que de seu lhe pertence no atual sistema público de ensino e que, já agora, a “Lei 1/2014, do 24 de marzo, para o aproveitamento da lingua portuguesa e vínculos coa lusofonía” avaliza e legitima mas que não chegou, ainda, a desenvolver e executar como corresponderia.
No final do ano académico 2015/16 a DPG veio a realizar mais uma vez uma campanha de encorajamento para a inclusão da língua portuguesa nos centros de ensino galegos.
Desde a associação consideramos que a Lei 1/2014, do 24 de março, para o aproveitamento da língua portuguesa e vínculos com a lusofonia continua sem desenvolvimento nem execuções concretizadas e, portanto, que está ser completamente desleixada e incumprida por parte da administração galega. Por esta razão, e como já tinha sido feito no ano académico anterior 2014/15 mediante o envio de um e-mail informativo sobre as possibilidades da introdução do ensino da língua portuguesa nos centros e a sua logística, voltamos fazer esta labor de difusão mas desta vez através do envio de dois vídeo-tutoriais explicativos.
Queremos muito agradecer às pessoas que nos ajudaram a levar este projeto para a frente, muito especialmente a Carlos Mendes, Olívia Pena e Tati Mancebo, entre muitas outras.
Eis os resultados:
PARECER DA DPG SOBRE A PRESENTE OFERTA DE VAGAS A CONCURSO NO ENSINO PÚBLICO GALEGO PARA O 2016:
SIMPÓSIO SIPLE 2015
A língua portuguesa em espaços multilingues
Santiago de Compostela 16-17 de outubro de 2015
Este ano a DPG não celebrará, como era costume, o seu encontro anual de outono, o que não significa que não nos juntemos com as nossas sócias e os nossos sócios para tratar algum dos assuntos que nos ocupam e com os que nos preocupamos, enquanto coletivo de Docentes de Português na Galiza. Só que este vai ser um encontro diferente: não vamos estar nós sós, e por fim teremos a oportunidade de contar ao mundo (ao mundo do ensino do português, entenda-se) a nossa experiência; não vamos ser só nós a ouvir-nos, a cismar nos problemas já conhecidos e comuns a todos; e vamos poder conhecer também outras experiências. Para nós, como associação e como profissionais, isso será todo um enriquecimento.
Porém, há mais. Toda esta situação, diferente da habitual e tão enriquecedora, será possível por cortesia da SIPLE, empenhamento da AGLP, e a própria disponibilidade da DPG e outras organizações para apoiar na organização e acolher. Que uma entidade, da importância da SIPLE no contexto do ensino do português no mundo, convide uma associação pequena, da Galiza, como a nossa, para ser anfitriã num evento deste tipo, implica uma grande responsabilidade, assim como o reconhecimento dificilmente quantificável que será situar a Galiza, berço do galego-português, como coração e casa de um encontro de projeção internacional. O acontecimento conta também com o apoio doutras associações como a Agal e a APP (Associação de Professores de Português de Portugal), e instituições como a Xunta de Galicia e o próprio Museu do Povo Galego, que desde o início desta proposta facilitaram a sua realização.
Esperam-se comunicações e debates de todo o tipo, desde experiências que são levadas a cabo na Galiza com a língua portuguesa – ora como próprio alvo, ora como língua veicular em diferentes níveis de ensino curricular – até outro tipo de propostas pedagógicas e didáticas que são realizadas na Galiza com o português – isto a nível do que temos para oferecer; já no que toca ao que poderemos assistir e do que poderemos aprender, haverá novas visões e estados da questão sobre a presença da língua portuguesa num espaço multilinguístico; a importância ou não da institucionalização de uma visão multilingue para a mais justa projeção da língua; ou a questão específica de criação de materiais e formação de docentes de língua portuguesa em espaços de convivência de várias línguas, e a maneira como isto talvez deve ser encarado.
Na Galiza, que poderíamos considerar como a mátria da língua galego-portuguesa, sofremos um défice de atenção à nossa própria língua e, por causa disso, o conhecimento da língua portuguesa tem sido completamente negligenciado até o momento, tanto por instituições como pela própria sociedade, o que teve graves consequências, como a atual falta de conhecimento formal da língua por parte da maioria da sociedade e, portanto, a falta de uma competência comunicativa realmente eficiente e de qualidade num âmbito que (por história, tradição, vinculação e até por leis europeias) devia ser plenamente competente de seu.
Portanto, o lugar escolhido pela SIPLE para o simpósio deste ano 2015, Compostela, é um facto relevante e que não podemos obviar. A questão de situar a Galiza no mapa como um lugar estratégico do ensino do português no mundo, quando, salvo exceções, os simpósios da SIPLE se vinham celebrando no Brasil, há-de ter – deverá ter necessariamente – a transcendência social que merece, e só depende de nós e das autoridades competentes aproveitar estas circunstâncias privilegiadas que nos dá termos nascido na Galiza.
A equipa de trabalho da DPG