Há apenas ano e meio a DPG lançava uma campanha em Change.org para ajudar a conseguir que se oferecesse a língua portuguesa na Escola de Idiomas (EOI) de Verim. A campanha surgiu para apoiar um grupo de pessoas dessa localidade que estavam a reclamar poder estudar português e foi logo apoiada pelo próprio centro e sindicatos.
A proposta da DPG, estava mais do que justificada em que não fazia qualquer sentido que numa eurocidade transfronteiriça, como é Verim-Chaves, não existisse a possibilidade de estudar no ensino público a língua do país vizinho como aliás recomenda o Conselho de Europa desde o ano 2019.
A campanha foi um êxito absoluto e teve até repercussão política sendo apresentada para ser debatida e votada em sessão parlamentar, onde, pese a todos os apoios foi reprovada por 5 votos a favor face a 7 em contra.
Hoje, um ano e meio depois, vemos a Direção Geral de Juventude do Governo Galego, Xuventude.net, lançar um curso de português Eurocidade Verim-Chaves para jovens entre 18-30 anos com uma capacidade total de 100 vagas.
Estas vagas esgotaram-se antes da finalização do período de inscrição, deitando abaixo um dos argumentos expostos pelo grupo parlamentar que votou contra a oferta de português em Verim e que «não acreditava na existência de uma demanda real» (apesar das mais de 800 assinaturas entregues na Conselharia).
Uma pergunta que se impõe dirigida aos bons gestores da administração pública é a seguinte: Qual o sentido de desaproveitar a infraestrutura educativa do ensino regrado na EOI de Verim? Porque renunciar por parte da Conselharia de Educação ao bom uso das suas funções e dos seus recursos?
Ainda, uma outra crítica ligada ao atual curso da direção geral de juventude que gostaríamos de destacar é que o apenas atende menores de 30 anos. Já numa EOI poderiam aprender adultos de qualquer faixa etária.
No estado espanhol arrastamos grandes carências na aprendizagem de línguas, e ao mesmo tempo temos ao nosso dispor uma das melhores ferramentas para as solucionar: um ensino público oficial através de escolas específicas de línguas modernas, as chamadas EOI.
As EOI possuem um modelo de ensino presencial, rigoroso e com docentes altamente qualificados nas diferentes línguas que tem dado muito bons resultados na aquisição e certificação dos diferentes níveis do conhecido QCER.
Até os preços de inscrição anual são em verdade muito económicos (+-90€).
Falta talvez um governo que queira aproveitar, neste caso a procura de português, para priorizar a docência ofertada por estas escolas colocando em valor os recursos de que já dispõe sem necessidade de maiores esforços.
Esperemos que o sucesso do atual curso para a juventude acabe por contribuir a um desfecho na vila de Verim em que seja possível estudar português no ensino público com a mesma normalidade que já acontece, há anos, em outras eurocidades com EOI.